A arte, a
ciência, a tecnologia, a robótica, os meios de comunicação, os esportistas, os
profissionais de todas as áreas, enfim, a humanidade caminha numa constante
busca de superação.
No entanto, a
violência em suas várias formas: armada, verbal, física, moral, psicológica...
mostra-se de difícil superação. Ela está nas casas, nos bares, nas ruas, no
trânsito, no trabalho, nas disputas religiosas, nas torcidas dos estádios, nas
brigas entre gangues, no tráfico organizado, nas milícias armadas, nas guerras
civis e militares, nos conflitos entre estados e nações... A violência permeia
as relações humanas, religiosas, sociais e culturais. Um fenômeno complexo,
fruto de muitas e variadas causas, que por meio da força, da agressão física ou
moral, faz com que uma pessoa não seja reconhecida como sujeito e seja
rebaixada à condição de objeto, subjugada pelo poder e pela força. A violência
fere, causa traumas, mata e sempre gera mais violência...
A evolução da
humanidade deveria ser marcada pela superação da violência. Deveria ser um
sinal de aprimoramento da espécie humana, que superando os instintos animais, a
humanidade estaria mais próxima de um agir mais racional, consciente,
inteligente e fraterno, fruto do reconhecimento de que somos irmãos e de que
devemos ser solidários uns com os outros.
Buscar meios de
superar a violência é trabalhar por uma sociedade mais humana e pacífica. É
buscar meios de fazer com a vida em família, em comunidade, no bairro, no
trabalho, nas igrejas, no trânsito... seja mais leve, mais pacífica, mais
gostosa. Superar a violência é preservar a vida, é recuperar a fraternidade
perdida. Afinal, “somos todos irmãos” (cf. Mt 23,8).
Este é o convite,
o apelo e o empenho da Igreja do Brasil para a Campanha da Fraternidade 2018.
Mas para que a Campanha possa produzir mais frutos, é preciso que seja
acolhida, abraçada e levada a sério pela Igreja nos seus mais variados grupos,
pastorais e movimentos. Nas palavras de Santo Inácio de Loyola, é preciso
“sentir com a Igreja”. Fazer nossos os seus apelos. Se, pelo batismo, fomos
configurados a Cristo formando um só Corpo Místico e se nos alimentamos do pão
da Palavra e da Eucaristia, para continuar sua missão no mundo, não podemos
ignorar esse apelo para a sincera busca de superação da violência. Ignorar esse
apelo da Igreja do Brasil é um ato de falta de fraternidade, é um ato de
violência... Nossa fé precisa transcender os momentos litúrgicos, os ambientes
religiosos e se transformar em atitudes concretas a favor da vida e favor da
superação de toda forma de violência.
A comunidade dos
primeiros cristãos, apesar de toda hostilidade das perseguições, apesar de
certos desentendimentos da parte das lideranças cristãs, deixou um testemunho
importante: “Vejam como eles se amam!” (At 4,32). Os de fora da comunidade
enxergaram esse diferencial nos cristãos. Isso é o mínimo a se esperar de cada
um de nós que nos colocamos no seguimento a Jesus Cristo e carregamos o nome de
cristãos. O próprio Jesus nos atesta que a prática do amor é que define o
discipulado: “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se vos
amardes uns aos outros” (Jo 13, 35). Comecemos por nós mesmos a rever nossos
gestos e atitudes, nossas escolhas, ações e decisões... que elas sejam marcadas
pela prática do amor e pela busca de superar toda forma de violência. E isso
é pra começo de conversa!
Denilson Mariano
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