sábado, 15 de dezembro de 2018

O Evangelho nossa regra de vida




Há alguns dias atrás, recebi um vídeo através do whatsApp no qual Daniela Mercury esbravejava que “a Bíblia não é nossa Constituição”. A forma com a qual ela se expressava parecia indicar um conhecimento muito superficial da Palavra de Deus, ou talvez, uma visão reducionista e preconceituosa. Até porque, a Bíblia, de fato, não se presta a esta função. Antes, a experiência de fé de um povo, ali consignada, revela a ação de Deus que caminha com seu povo, que entra em nossa história e, como tal, serve de luz para iluminar o caminho de todos os filhos e filhas de Deus. Uma Palavra que lida e interpretada com o espírito em que foi vivida, transmitida e enfim, redigida, serve para nos ajudar a fazer escolhas e a tomar decisões mais acertadas.
O Papa Francisco, também há poucos dias, teve a coragem de pautar uma mudança no Catecismo da Igreja Católica deixando-se guiar pela da Palavra de Deus. Com esta atitude ele ajuda a Igreja a ver que a vida é mais forte que a morte e a pessoa humana é maior que sua culpa. Com esta atitude ele reafirma que a Igreja deve assumir o Evangelho como regra de vida. Aqui entendemos a Igreja não apenas como Instituição, mas como a comunidade de fé, de pessoas batizadas que se colocam no seguimento a Jesus Cristo. Desta forma, o Evangelho deve ser a luz a iluminar a vida da Igreja, a vida dos cristãos: a vida pessoal, familiar, comunitária e social. Isso nada tem a ver com pieguismo, muito menos com alienação. Trata-se de olhar para a vida de Jesus, luz que ilumina a Lei e os Profetas (cf. Mt 7,1-9) e, a partir de Seu testemunho, direcionar as ações, opções e decisões, sejam elas pessoais ou familiares, eclesiais ou sociais à luz do Evangelho.
Neste sentido o Papa Francisco tem não apenas se esforçado, mas tem nos convocado a colocar o Evangelho em prática. Ser um fermento do Evangelho no mundo. Não como uma espécie de receita pronta, mas como luz que nos permite o necessário discernimento. Saber escutar o que o Senhor nos diz para encontrar o que, de fato seja mais fecundo no “hoje” de da salvação. O discernimento, mediante a luz do Evangelho e do Magistério da Igreja, é capaz de libertar-nos da rigidez, das forças de morte e de opressão e de penetrar no mais profundo da nossa realidade ajudando-nos a optar verdadeiramente pela vida em abundância para todos (cf. Gaudete et Exultade, nº 173).
O Evangelho é uma força libertadora, Ele liberta daquilo que fere a vida humana e a vida no planeta. O Evangelho nos liberta de nossas inconsistências, de nossos desvios, vaidades, da violência, da corrupção e da injustiça. Aponta-nos sempre a direção que nos faz mais fraternos, solidários e mais verdadeiramente humanos. Ter a coragem de tomar o Evangelho como regra de vida é ousar colocar a vida em primeiro lugar, como bem maior a ser protegido, preservado, cultivado... O Evangelho nos revela o Filho de Deus, que veio ao mundo para que todos tenham vida em abundância (Jo 10,10). Quanto mais o Evangelho for nossa regra de vida, mais vida teremos em nossa sociedade e no mundo.
E isso é pra começo de conversa.

Denilson Mariano

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