quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Autonomia dos leigos e leigas


 A palavra autonomia tem suas raízes na língua grega e indica a capacidade de ter ou fazer as próprias regras, as próprias normas. Em um sentido mais amplo significa ser capaz de guiar a própria vida, ter liberdade para tomar decisões, ser responsável pelos seus atos. Isso não significa o direito de fazer o que bem entender e do jeito que achar melhor. Esta autonomia dos leigos e leigas indica, em primeiro lugar, a sua responsabilidade sobre seus atos, a sua missão e seu compromisso na Igreja e na sociedade, bem como o direito de ser tratado como adulto e não ser diminuído, muito menos infantilizado.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), como fruto de sua última Assembleia Nacional, aprovou o Documento 105. “Cristãos  leigos e leigas na igreja e na sociedade: sal da terra e luz do mundo (Mt 5,13-14)”. Um texto que vem sendo preparado de longa data, a muitas mãos e com uma participação das comunidades. É um importante documento para todos os cristãos e que precisa ser lido, estudado e assimilado para que possa ter efeito em nossa vida e na vida de nossas comunidades.
Este Documento deixa claro que os leigos e leigas são corresponsáveis na evangelização tanto na Igreja como no mundo. Retomando as palavras do Papa Paulo VI  “A sua primeira e imediata tarefa não é o desenvolvimento da comunidade eclesial, mas o vasto e complicado mundo da política, da realidade social, da economia, dos meios de comunicação...”  Os leigos e leigas são “cidadãos do mundo”. Sua responsabilidade nasce do Batismo e da Crisma. “Os cristãos são chamados a serem os olhos, os ouvidos, as mãos, a boca, o coração de Cristo na Igreja e no mundo” (Doc. 105, nº 102).
O eixo central do Documento 105 é apresentar o cristão leigo como “Sujeito Eclesial” que significa ser maduro na fé, com coragem, criatividade e ousadia para dar testemunho de Cristo (cf. Doc. 105, nº 119). É neste sentido que deve ser entendida a autonomia dos leigos e leigas. Trata-se do seu legítimo direito de ser “sal e luz”, de temperar o mundo com sabor do Evangelho e iluminar as realidades da vida com as verdades da sua fé.
A corrupção que vem tomado conta de nosso país e que, infelizmente, está presente em todos os espaços da sociedade, revela a ausência da vivência do Evangelho e dos valores humanos. Precisamos de leigos e leigas que, em sua legítima autonomia, não resumam a sua missão às tarefas no interior da Igreja, que não escondam sua luz. Leigos e leigas que a exemplo do sal, “saiam da saleira” e se lancem a testemunhar Jesus no seu ambiente de trabalho, no meio em que vivem, e em todos os seus espaços em que atua. Leigos e leigas que não se escondam nem sejam diminuídos, mas que sejam preparados, animados, fortalecidos e incentivados a iluminar o mundo com seu testemunho, como verdadeiros sujeitos eclesiais e sociais. E isso é pra começo de conversa.
Denilson Mariano

Revista O Lutador Ed. 3882 – nov 2016 – www.revista.olutador.org.br


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