A palavra autonomia tem
suas raízes na língua grega e indica a capacidade de ter ou fazer as próprias
regras, as próprias normas. Em um sentido mais amplo significa ser capaz de
guiar a própria vida, ter liberdade para tomar decisões, ser responsável pelos
seus atos. Isso não significa o direito de fazer o que bem entender e do jeito
que achar melhor. Esta autonomia dos leigos e leigas indica, em primeiro lugar,
a sua responsabilidade sobre seus atos, a sua missão e seu compromisso na
Igreja e na sociedade, bem como o direito de ser tratado como adulto e não ser
diminuído, muito menos infantilizado.
A Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil (CNBB), como fruto de sua última Assembleia Nacional, aprovou
o Documento 105. “Cristãos leigos e leigas na igreja e na sociedade: sal
da terra e luz do mundo (Mt 5,13-14)”. Um texto que vem sendo preparado de
longa data, a muitas mãos e com uma participação das comunidades. É um
importante documento para todos os cristãos e que precisa ser lido, estudado e
assimilado para que possa ter efeito em nossa vida e na vida de nossas
comunidades.
Este Documento deixa claro
que os leigos e leigas são corresponsáveis na evangelização tanto na Igreja
como no mundo. Retomando as palavras do Papa Paulo VI “A sua primeira e imediata tarefa não é o
desenvolvimento da comunidade eclesial, mas o vasto e complicado mundo da
política, da realidade social, da economia, dos meios de comunicação...” Os leigos e leigas são “cidadãos do mundo”. Sua
responsabilidade nasce do Batismo e da Crisma. “Os cristãos são chamados a
serem os olhos, os ouvidos, as mãos, a boca, o coração de Cristo na Igreja e no
mundo” (Doc. 105, nº 102).
O eixo central do Documento
105 é apresentar o cristão leigo como “Sujeito Eclesial” que significa ser
maduro na fé, com coragem, criatividade e ousadia para dar testemunho de Cristo
(cf. Doc. 105, nº 119). É neste sentido que deve ser entendida a autonomia dos
leigos e leigas. Trata-se do seu legítimo direito de ser “sal e luz”, de temperar
o mundo com sabor do Evangelho e iluminar as realidades da vida com as verdades
da sua fé.
A corrupção que vem tomado
conta de nosso país e que, infelizmente, está presente em todos os espaços da
sociedade, revela a ausência da vivência do Evangelho e dos valores humanos.
Precisamos de leigos e leigas que, em sua legítima autonomia, não resumam a sua
missão às tarefas no interior da Igreja, que não escondam sua luz. Leigos e
leigas que a exemplo do sal, “saiam da saleira” e se lancem a testemunhar Jesus
no seu ambiente de trabalho, no meio em que vivem, e em todos os seus espaços em
que atua. Leigos e leigas que não se escondam nem sejam diminuídos, mas que sejam
preparados, animados, fortalecidos e incentivados a iluminar o mundo com seu
testemunho, como verdadeiros sujeitos eclesiais e sociais. E isso é pra começo de conversa.
Denilson Mariano
Revista
O Lutador Ed. 3882 – nov 2016 – www.revista.olutador.org.br
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