quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Casa Comum Nossa Responsabilidade

Todos os anos a Igreja do Brasil propõe um exercício de comunhão eclesial que é a Campanha da Fraternidade. Este ano a Campanha será Ecumênica. Trata-se de uma proposta abraçada pelas igrejas que compõem o CONIC, Conselho Nacional de Igrejas Cristãs. Somos convidados a somar forças na busca do saneamento básico para todos. Creio que estamos diante de, pelo menos, dois grandes desafios: a comunhão dentro da Igreja e com as outras igrejas cristãs e a questão do saneamento básico cuja falta prejudica a todos. Problemas comuns pedem esforços conjuntos, envolvimento de todos, pois a responsabilidade é comum: é minha, é sua, é nossa.
Quando se propõe a Campanha da Fraternidade, o desejo é que haja um esforço conjunto de toda a Igreja não apenas na reflexão e nas iniciativas de culto e oração sobre determinado tema, mas que, de fato, ações concretas possam sinalizar nossa conversão diante situação abordada pela Campanha. Infelizmente, muitos, quer sejam leigos, clérigos ou consagrados, também vários grupos e movimentos na Igreja parecem ignorar a Campanha. Alegam até que ela desfoca a atenção do mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo.
Mas, bem entendida, a Campanha da Fraternidade nos leva a contemplar o Cristo sofredor crucificado nas situações que ferem a vida e dignidade do ser humano nos dias e contextos atuais. Longe de desfocar, ela nos faz aprofundar nos mistérios Pascais do Redentor frente a uma situação ou realidade concreta que fere a vida na qual o mesmo Cristo continua sendo crucificado hoje.
Toda Campanha da Fraternidade é um esforço de comunhão, de soma de forças e busca de objetivos comuns. Quando não se abraça a Campanha a comunhão na Igreja fica também enfraquecida. Este ano, sendo uma Campanha Ecumênica, exigirá um esforço de comunhão ainda maior. Somos convidados a somar forças com outras Igrejas.
O desafio do saneamento básico e as consequências geradas com a sua falta são comum a todos. Abraçar esta Campanha fará um bem enorme a todos. Ainda mais quando, segundo avaliação da Confederação Nacional das Indústrias, o Plano Nacional de Saneamento vai sofrer atraso de pelo menos 20 anos. 
As metas do Plano seriam chegar a 2023 com a universalização do serviço de água (100%) e dez anos depois, com o de esgoto (cerca de 90%). No ritmo atual, esses percentuais só serão alcançados em 2043 e 2053, respectivamente. Eis a importância de abraçarmos juntos esta Campanha da Fraternidade.
O lema da Campanha: Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca" (Am 5,24), manifesta o desejo de Deus e atualiza o dever de todos nós cristãos, católicos e evangélicos, e todas as pessoas tementes a Deus a nos empenharmos na reconstrução de nossa Casa Comum de uma maneira justa, sustentável e habitável para todos os seres humanos. E isso é pra começo de conversa.

Denilson Mariano

Revista O Lutador - Ed. 3873 - fev. 2016 - www.revista.olutador.org.br


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