A descrição da cena dos
discípulos de Emaús (Lc 24,13-35) além de sua beleza própria, é profundamente
educativa, marcada por uma série de atitudes pedagógicas de Jesus que nos dão
uma compreensão melhor da própria Eucaristia e do seu sentido na vida da
Igreja.
Embora Jesus tivesse
recomendado que os discípulos permanecessem em Jerusalém após sua morte, o
texto começa a descrever que os discípulos caminhavam para Emaús, na direção
contrária da recomendação. Mesmo assim, Jesus aparece e caminha com eles, enquanto
coversavam sobre os acontecimentos da paixão e morte do Senhor (cf. Lc
24,13-14). No entanto, mesmo ouvindo a conversa, Jesus perguntou: “O que vocês
andam conversando pelo caminho?” (24,17). Trata-se de uma pergunta pedagógica,
ela quer conduzir os discípulos a uma nova visão sobre a realidade que eles estavam
vivendo. Para clarear os acontecimentos, Jesus reflete com eles as Escrituras,
a Palavra de Deus ilumina a vida e aquece o coração, já desperta neles um novo
ânimo.
Ao chegar nas proximidades
de Emaús, Jesus faz de conta que ia adiante (24,28). Qual a necessidade desse
“faz de conta”? Trata-se de mais uma atitude pedagógica. Jesus cria uma oportunidade
para ser convidado: “Fica conosco, Senhor!” Se lhe abrirmos o coração, Ele entra
e faz morada. Por fim, numa refeição, Ele se revela. Então, os discípulos O
reconhecem na partilha do pão.
Mas no momento em que O
reconhecem, Ele desaparece de seus olhos (24,31). Porquê desaparecer? Mais uma
atitude pedagógica. Desde a saída de Jerusalém, Jesus caminhara com eles a
olhos vistos e eles não O reconheceram. Mas agora, eles têm consigo a certeza
de o Senhor caminha com eles, a todo momento, mesmo que seus olhos não O vejam.
Ele está vivo, o Ressuscitado caminha com eles, por isso, eles já não têm medo
e voltam alegres para levar a boa notícia aos irmãos.
O XVII Congresso Eucarístico
Nacional (CEN) é, na verdade, uma grande atitude pedagógica da Igreja. Trata-se
de uma oportunidade de reler os textos eucarísticos para iluminar os momentos
difíceis e sombrios da vida. Quer ajudar a reencontrar o ânimo para continuar a
caminhada. É uma ocasião que nos permite renovar o convite: “Fica conosco,
Senhor!” E assim, fortalecer nossa adesão ao projeto de vida de Jesus. Mas,
sobretudo, é uma oportunidade para uma grande catequese eucarística, afim de
que nossos olhos se abram e possamos reconhecer o Senhor que caminha sempre conosco.
Já que estamos num momento nacional tão inseguro e sem rumo, tão marcado por
uma onda de corrupção generalizada... Quando muitos perdem a esperança e já não
acreditam em nada, em ninguém... Colocamos nossa esperança no Senhor da
história, e a esperança não decepciona (Rm 5,5) Ele caminha conosco nesta noite
escura, nos fortalece, nos inspira a partilha e, com certeza, surgirá boa nova
a ser anunciada. O XVII CEN vem nos confirmar na missão, vem acordar nosso discipulado
missionário, somos testemunhas do Ressuscitado neste mundo, chamados a viver a
Eucaristia e a Partilha, chamados a anunciar vida e esperança aos que mais sofrem.
E isso é prá começo de conversa!
Denilson Mariano
Revista
O Lutador Ed. 3879 – ago 2016 – www.revista.olutador.org.br
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