O Natal, embora desfigurado pelo consumismo desenfreado e alienante, é sempre um
convite à esperança. Não a uma atitude passiva que vem do verbo esperar, mas de
uma atitude ativa, propositiva, que vem de esperançar, muito frisada pelo
grande educador Paulo Freire. Esperançar vem de dar esperança; vem de animar(-se), de estimular(-se).
É neste sentido que
celebramos o Natal, reacendemos em nós a missão do Filho de Deus que veio ser
esperança para o seu povo. Veio nos animar a buscar o Reino de Deus, veio nos
estimular a servir Deus e aos irmãos... Decididamente, esperança não é uma
atitude passiva, é antes engajamento a serviço da vida, a serviço do amor. A missão do Filho de Deus é também nossa
missão: “Eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância.” (Jo 10,10).
O presente momento
histórico é marcado pelo fortalecimento das forças e regimes ditatoriais que
crescem no mundo. O discurso do ódio, da intolerância e da violência encontram
fácil respaldo e adesão nas diferentes camadas populares. Os empobrecidos e
marginalizados encontram-se ainda mais vulneráveis. Neste cenário, não cabe a
nós cristãos a atitude de espera passiva, nem de acomodação à situação. Cabe a
nós a atitude Paulina de quem assumiu com solicitude o projeto de Deus: “Não se amoldem às estruturas deste mundo,
mas transformem-se pela renovação da mente a fim de distinguir qual é a vontade
de Deus: o que é bom, o que é agradável a ele, o que é perfeito.” (Rm
12,2).
A exemplo de Jesus, que se encarnou
em um momento crítico da história do povo de Israel, cabe assumir a Sua atitude
de solidariedade e misericórdia aos mais sofridos, aos últimos da sociedade.
Pois esta é a única forma de fazer o Reino de Deus chegar a todos.
Decididamente somos levados a buscar em Jesus a força para nos animar diante
das adversidades, a intrepidez para nos estimular a seguir os Seus passos na
história de hoje.
Por isso essa edição de O
Lutador vem marcada por testemunhos de quem empenha a vida em esperançar, dar
esperança, animar, encorajar... Traz experiências de vida proativas de quem acredita
na força da Palavra de Deus, na força do povo, na força do amor que é mais
forte que a violência e a morte. Com isso acreditamos que Natal não é tanto uma
festa a ser celebrada exteriormente. Natal é ocasião para acordar em nós a
intrepidez missionária de Jesus. Natal é oportunidade de vencer as amarras, de
fazer a luz brilhar nas trevas, acordar o amor que vence a violência e a dor.
Por isso, desejar Feliz
Natal, ensejar um Ano Novo de saúde e paz, não é ficar esperando, como se não
dependesse de nós. É esperançar, é buscar em Jesus a força motivadora e
propulsora para um mundo novo que nasce das nossas atitudes a serviço da vida,
contra tudo aquilo que fere os irmãos e a natureza. Um Feliz Natal e um
abençoado Ano Novo começam a acontecer quando descobrimos que nossa missão é
esperançar, é ser causa de esperança, é ser o começo da mudança que desejamos
que aconteça.
E isso é pra começo de conversa e de um Feliz
Natal pra todos!
Denilson Mariano