Todos
sabemos que a Igreja nasceu para a missão e, se deixar de ser missionária,
deixa de ser a Igreja de Jesus. Ele congregou os discípulos, os instruiu e os
enviou. Esta missão não se restringe a um pequeno grupo, mas é partilhada por
todos os batizados. Homens e mulheres que se descobrem amados por Deus e por
isso chamados a uma missão não apenas na Igreja, mas no mundo.
Porém,
nestes tempos de individualismo, em que as pessoas olham apenas para si mesmas,
é difícil pensar nos outros, nos pobres, nos necessitados; Neste tempo do
pensamento vazio, no qual as pessoas se prendem a futilidades e ocupam o tempo
com coisas de pouca importância, é difícil despojar-se, desapegar-se e se
colocar a serviço; Neste tempo em que a solidariedade anda em baixa e as
pessoas buscam apenas o maior conforto possível, vendo nisso a felicidade, é
difícil doar-se, dar de seu tempo, de suas forças e energias para
solidarizar-se com quem sofre e chora. Enfim, avançar para a missão, não é uma
tarefa fácil. Exige despojamento, capacidade de doação, uma espiritualidade
madura e sensibilidade pastoral.
Do
encontro com Deus, nasce a missão: Deus sempre vem ao nosso encontro numa
atitude amorosa. O amor de Deus não nos aprisiona n´Ele, antes, nos reenvia: “Pedro, Tu me amas? Apascenta minhas ovelhas.”
(Jo 21,17). O amor a Cristo é a força propulsora para a missão. A ponto de
podermos dizer que quem ama a Cristo se doa, se coloca a serviço. A medida
desse amor é a medida da doação de cada um. Quem muito ama, muito se doa. Quem
pouco ama, pouco se doa. Quem não se doa é porque não ama. Quando o amor a
Jesus Cristo e a seu projeto de vida está enfraquecido, então, fica muito
difícil partir para a missão.
Mas,
quem se encontra com Deus e se descobre amado por Ele, vence as teias do
individualismo e se abre para as necessidades do outro; rompe as amarras do
vazio e encontra o sentido de vida no socorro aos sofredores; assume condições
adversas solidarizando-se com os empobrecidos. Na bíblia, os encontros com Deus
são sempre marcados com um avanço para a missão. Foi assim com Abraão, com
Moisés, com os profetas, com Maria, com Jesus e os seus discípulos e com as
pessoas de fé que marcaram e marcam positivamente a história da humanidade.
Por
isso, a missão exige a nossa santidade. Ela nasce de nosso encontro com Deus
que nos envia, nos precede e nos anima na missão. O missionário é convocado, sabe
que não vai em nome próprio, ele é um instrumento escolhido por Deus para a
missão. Sabe que deve ser atento às necessidades do povo. E, a exemplo de um
pescador, também sabe que é o peixe, ou melhor, o povo, em sua realidade
concreta, com seus dramas de vida, que mostrará ao missionário, onde este deve
lançar as redes. Por isso sensibilidade pastoral é um requisito fundamental
para que a missão seja frutuosa e possa gerar mais vida e esperança no seio das
comunidades.
Deus
abençoe nossos irmãos sacramentinos na África e os preceda nesta missão que
lhes foi confiada. Pe. Odésio, Pe. Mayrink e Pe. Valdeci, por vocês, com vocês
e em vocês, toda a família sacramentina se faz presente nesta terra sofrida,
mas cheia de alegria e esperança. Alimentem esta esperança do povo, cultivem da
sua alegria e fermentem com seu testemunho o espírito missionário em todo o
nosso grupo congregacional. Afinal, a missão exige santidade e, pra começo de conversa, essa é a nossa
vocação!
Editorial Revista O Lutador - Ed. 3903 - Agosto 2018
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