Ao
revelar-se, Deus se revela a um povo de nômades que iam de lugar em lugar em
busca de pastagens para o rebanho. O Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó é um
Deus peregrino que acompanha a marcha de seu povo e sempre o conduz a dias melhores
como o fez ao tirá-lo da terra da escravidão e reconduzi-lo à terra de Canaã.
A
história de Jesus, Deus encarnado, não foi diferente, desde o seu nascimento e,
sobretudo em sua vida pública, o Nazareno ia e vinha percorrendo vários
territórios e vindo a ser morto em Jerusalém, fora de sua pátria.
A
história do Brasil é mesclada de várias raças, povos e culturas que, por
motivos vários, saíram de suas terras e vieram para esse país com dimensão continental
e aqui constituíram nova vida, nova terra, novo povo. Em certo sentido, somos
todos migrantes, todos peregrinos em busca de condições melhores para viver.
A
onda de conflitos no Oriente Médio, causados pelas guerras e pelo terrorismo,
os terremotos que assolaram o Haiti, os conflitos políticos e civis na África e
na Ásia fizeram vir à tona a questão da migração. A Europa, que em outro
contexto, fugiu da fome, da peste e da guerra, buscou outras partes do mundo
para garantir a vida. Ela agora impõe muros físicos, políticos e econômicos
procurando barrar a entrada dos imigrantes. Quem em outros tempos buscou portas
abertas para os seus filhos, agora fecha as portas para aqueles que, acuados
pela guerra e pela fome, busca uma oportunidade para sobreviver.
A
mobilidade humana, apesar de constituir um desafio econômico, de segurança e de
integração cultural é um direito humano. Ainda mais quando esta mobilidade é
provocada por uma situação de guerra ou por uma catástrofe que mina as
condições de vida na localidade de origem. É a vida que pede passagem, é a vida
que pede o visto de entrada e de permanência. E o direito à vida é o primeiro e
mais sagrado entre os direitos humanos.
Nossa
fé em um Deus peregrino, nossa fé em um Deus que caminha com o seu povo nos
aponta para a atitude de preservação e defesa da vida. “Eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância!” (Jo
10,10). Defender a vida é acolher, defender a vida é abrir os braços, é
derrubar muros, e aprender a reconhecer os outros povos como nossos irmãos.
Como nos recorda o Papa Francisco, vivemos em uma grande “Casa Comum”, nosso
destino também é comum. E, enquanto aguardamos a vida do Reino definitivo:
Somos todos migrantes!
E
isso é pra começo de conversa.
Denilson
Mariano
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