Nosso início do ano vem marcado,
infelizmente, por muitas tragédias que poderiam ter sido evitadas, caso
houvesse um maior zelo pela vida humana. Quando a sede do lucro e da vantagem
econômica são colocados em primeiro lugar, a vida padece, vem a morte, a dor e
sofrimento. Perde-se a vida, os filhos, a família, os amigos, os bens, a
própria história... Isto é o que presenciamos nas tragédias do rompimento da
barragem em Brumadinho, nos adolescentes mortos pelo incêndio no “Ninho do
Urubu” no Rio de Janeiro, nos outros adolescentes mortos pelo fogo no Centro de
Internação em Goiânia... Estes são alguns dos muitos sinais de que, em nosso
país, a vida pede socorro!
Merece louvor e gratidão o incansável trabalho dos bombeiros. Mas, não podemos nos descuidar ou achar normal a perda de
vidas humanas. Cada morte representa um atentado ao Criador. Ele quer que
tenhamos vida e vida em abundância para todos (cf. Jo 10,10). É preciso ter em
nós a capacidade de nos indignar diante de todo atentado à vida humana e à vida
no planeta. Se pescar fora da época e matar um animal silvestre são crimes
passíveis de prisão, o que se deveria esperar de uma irresponsabilidade tamanha
que matou centenas de vidas, que devastou casas e edificações, que destruiu
plantações e matou toda a vida de um rio? O rompimento da barragem em
Brumadinho, não é um mero acidente, muito menos um “incidente”, é um crime, um
atentado à vida humana e à natureza. Muitas outras barragens, em Minas e em
outros estados do Brasil apresentam verdadeiro risco de rompimento. É preciso que
se tomem medidas para preservar a vida e o meio ambiente: A vida pede socorro!
Os adolescente mortos pelo fogo no
Rio de Janeiro e em Goiás também nos apontam a necessidade de um maior cuidado
com a vida. Sonhos foram roubados, famílias passaram a carregar uma dor que não
passa, que não tem cura, pois seus filhos não existem mais. É preciso que a
vida seja colocada acima do lucro, como defende a Doutrina Social da Igreja. E
é preciso também que a Igreja reforce a sua voz profética. Que a exemplo de
Jesus, Ela se coloque, verdadeiramente, do lado dos mais sofridos, dos últimos,
das vítimas geradas pelo poderio econômico. Que ela seja a voz dos sem voz, que
assuma o risco de defender a vida, o direito e a verdadeira justiça. Pois, só
“seremos libertados pelo direito e pela justiça!” (Is 1,27). Que esta Campanha
da Fraternidade, que vem em boa hora, ao tratar das políticas públicas, possa
gerar frutos de mais vida e esperança para todos, sobretudo para os mais
sofridos. A vida pede socorro!
Tenhamos um olhar atento à
realidade que nos circunda: A violência vem crescendo nos lares e nas ruas e a
tendência é aumentar com a facilidade da posse de armas... A mudança nas leis
parece dar aval para que policiais matem com maior facilidade... A lei contra a
homofobia tem dificuldade de ser aprovada, cresce a violência e a
discriminação... A Igreja, com o Sínodo da Amazônia, que defende a vida dos
povos e da natureza, é vista como ameaça ao Governo... A ensejada mudança nas
regras da aposentadoria prevê um aumento da indigência e da mendicância em
nosso país. Muitos passarão a trabalhar até morrer sem conseguir se
aposentar... Decididamente: A vida pede socorro! E isso é pra começo de conversa.
Denilson Mariano da Silva
Revista O Lutador 3910 - Março 2019.
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