quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

A vida pede socorro!



Nosso início do ano vem marcado, infelizmente, por muitas tragédias que poderiam ter sido evitadas, caso houvesse um maior zelo pela vida humana. Quando a sede do lucro e da vantagem econômica são colocados em primeiro lugar, a vida padece, vem a morte, a dor e sofrimento. Perde-se a vida, os filhos, a família, os amigos, os bens, a própria história... Isto é o que presenciamos nas tragédias do rompimento da barragem em Brumadinho, nos adolescentes mortos pelo incêndio no “Ninho do Urubu” no Rio de Janeiro, nos outros adolescentes mortos pelo fogo no Centro de Internação em Goiânia... Estes são alguns dos muitos sinais de que, em nosso país, a vida pede socorro!
Merece louvor e gratidão o incansável trabalho dos bombeiros. Mas, não podemos nos descuidar ou achar normal a perda de vidas humanas. Cada morte representa um atentado ao Criador. Ele quer que tenhamos vida e vida em abundância para todos (cf. Jo 10,10). É preciso ter em nós a capacidade de nos indignar diante de todo atentado à vida humana e à vida no planeta. Se pescar fora da época e matar um animal silvestre são crimes passíveis de prisão, o que se deveria esperar de uma irresponsabilidade tamanha que matou centenas de vidas, que devastou casas e edificações, que destruiu plantações e matou toda a vida de um rio? O rompimento da barragem em Brumadinho, não é um mero acidente, muito menos um “incidente”, é um crime, um atentado à vida humana e à natureza. Muitas outras barragens, em Minas e em outros estados do Brasil apresentam verdadeiro risco de rompimento. É preciso que se tomem medidas para preservar a vida e o meio ambiente: A vida pede socorro!
Os adolescente mortos pelo fogo no Rio de Janeiro e em Goiás também nos apontam a necessidade de um maior cuidado com a vida. Sonhos foram roubados, famílias passaram a carregar uma dor que não passa, que não tem cura, pois seus filhos não existem mais. É preciso que a vida seja colocada acima do lucro, como defende a Doutrina Social da Igreja. E é preciso também que a Igreja reforce a sua voz profética. Que a exemplo de Jesus, Ela se coloque, verdadeiramente, do lado dos mais sofridos, dos últimos, das vítimas geradas pelo poderio econômico. Que ela seja a voz dos sem voz, que assuma o risco de defender a vida, o direito e a verdadeira justiça. Pois, só “seremos libertados pelo direito e pela justiça!” (Is 1,27). Que esta Campanha da Fraternidade, que vem em boa hora, ao tratar das políticas públicas, possa gerar frutos de mais vida e esperança para todos, sobretudo para os mais sofridos. A vida pede socorro!
Tenhamos um olhar atento à realidade que nos circunda: A violência vem crescendo nos lares e nas ruas e a tendência é aumentar com a facilidade da posse de armas... A mudança nas leis parece dar aval para que policiais matem com maior facilidade... A lei contra a homofobia tem dificuldade de ser aprovada, cresce a violência e a discriminação... A Igreja, com o Sínodo da Amazônia, que defende a vida dos povos e da natureza, é vista como ameaça ao Governo... A ensejada mudança nas regras da aposentadoria prevê um aumento da indigência e da mendicância em nosso país. Muitos passarão a trabalhar até morrer sem conseguir se aposentar... Decididamente: A vida pede socorro! E isso é pra começo de conversa.

Denilson Mariano da Silva
 Revista O Lutador 3910 - Março 2019.

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