O Lutador, em seu
nascimento, a 25 de novembro de 1928, recebeu a alcunha de “Bonus miles
Christi”, o bom soldado de Cristo. Era uma época de grandes embates com as
forças contrárias à Igreja católica, essa oposição era formada pelo tripé:
maçons, espíritas e protestantes. Vestindo a “camisa” de seu tempo, o Jornal O
Lutador nasceu e cresceu no clima da apologética. Acreditava-se mais no
confronto que no diálogo.
O Concílio Vaticano II,
grande divisor de águas na caminhada da Igreja, superou a estreita visão da
cristandade medieval e abriu-se para um diálogo com o mundo moderno, com as
ciências, com outros cristãos assumindo uma postura mais ecumênica e dialogal.
O Lutador, aos poucos também foi-se abrindo, superando a postura apologética.
Em seu desenvolvimento assumiu a defesa da fé, aprimorando o debate teológico
em torno das grandes questões da Igreja.
É preciso dizer, que seu
grande amor à Igreja, por vezes o fez pecar, por excesso. Talvez, em certos
momentos, tenha pensado tanto com a cabeça em Roma, que não foi capaz de ver as
sementes do Evangelho que frutificavam na Igreja latinoamericana na defesa dos
pobres e excluídos. Mas, se assumiu certas posturas, talvez equivocadas, foi
por excesso de zelo e por grande amor à Igreja e à sua doutrina.
Em nossos dias, O Lutador
segue seu caminho. Procura ser uma luz para iluminar a caminhada de nossas
comunidades e de nossas famílias. Fomenta a defesa da vida em sintonia com a
Igreja, pela ação consciente, comprometida e testemunhadora de tantos leigos e
leigas que levam a sério seu batismo e o seguimento a Jesus Cristo. Agora, no
formato de Revista procura ser uma ferramenta de evangelização nas mãos do povo
de Deus.
Em sua longa trajetória
através dos tempos, O Lutador aprendeu a observar os rumos da história. E, com
pesar, vê que na multidão dos que se dizem crentes, quer católicos ou
protestantes, poucos trazem consigo traços de verdadeiro cristão. Apesar de
grande prática religiosa com cultos, missas, celebrações, shows e programas religiosos
no rádio e na TV, a grande maioria corre apenas atrás de uma bênção, uma cura,
um milagre ou ainda um retorno financeiro. A religião parece reduzida a um
“toma lá, dá cá”. “Se o Senhor me der o que eu desejo, eu faço esse
sacrifício...” ou “faço essa oferta, porque o Senhor é obrigado a dar muito
mais...”
No entanto, o coração está
longe. A fé não se traduz em obras, em gestos de misericórdia. Uma religião mais
de casca, apenas um verniz de católico ou evangélico, mas que não assume, na
vida, as atitudes de opções de Jesus. Isto se estende também para os mais
entendidos e estudados, pois a contradição não se resume aos leigos. O
contratestemunho atinge também o clero, e os pastores, em seus vários escalões.
Alguns parecem optar mais por seus privilégios pessoais sob a alegação de defesa
de uma aparente ortodoxia. Assemelham-se mais ao levita ou ao sacerdote, que
deixam o caído à beira da estrada... Jesus nos chama a ser bons samaritanos.
Nos anos 60 e 70º, muitos
católicos disseram ter dado um passo a mais em sua conversão: trocaram a arma
de fogo pela bíblia. Isso foi fundamental para a diminuição da violência. Hoje
vemos católicos e evangélicos apostando na força das armas e da violência. O
ódio está mais forte que o amor, a intolerância impede a prática da
misericórdia. Fazem um caminho contrário ao de Jesus nos Evangelhos.
Certo de que é pelos frutos
que se conhece a árvore, O Lutador segue sua luta em defesa da vida, da família
e da fé, em todas as circunstâncias. Consciente de que hoje, não basta ser um
“bonus miles Christi”, precisamos ser bons samaritamos como Cristo, em nossa
cidade, no Brasil e no mundo. Afinal, como o Papa Francisco nos recorda, “a
misericórdia é a chave do Reino”. E isso é prá
começo de conversa, nestes 90 anos.
Denilson Mariano

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