No sermão da montanha, logo
depois de proclamar as bem-aventuranças, Jesus anuncia ao povo, aos seus
discípulos e discípulas, a missão de ser sal da terra e luz do mundo (Mt
5,13-14). Uma missão confiada, não apenas ao pequeno grupo dos doze, mas a
todos os seus seguidores, em todos os tempos e lugares.
Neste início de ano temos
presente o Ano Nacional do laicato, Instituído pela CNBB (Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil). Será um tempo propício para acordar em todos os
batizados esta missão de ser sal e luz. Isto se faz urgente, pois, uma boa
parte dos cristãos, talvez mais da metade, não tem consciência do que significa
seguir Jesus. Apoiados numa tradição religiosa ou familiar cultivam certa
prática eclesial: ir à missa, rezar o terço, fazer uma novena... Tudo isso é
importante, mas nem sempre chega a uma prática cristã: agir com justiça,
socorrer os necessitados, defender a vida... Neste sentido é possível encontrar
pessoas muito católicas, mas pouco cristãs. Grupos muito devotos, mas distantes
da prática de Jesus. É preciso uma coisa, mas sem descuidar-se da outra.
Quando falamos em leigo, é
preciso lembrar que teologia do laicato é profunda: o fiel é incorporado a
Cristo pelo batismo e participa do seu ministério de profeta, sacerdote e rei.
Neste sentido, desde o Concílio Vaticano II, os ensinamentos da Igreja, além de
superar a visão de que os leigos eram cristãos de segunda categoria, destacam a
sua comum dignidade dos cristãos como povo de Deus; também salienta a força de
seu protagonismo e incentiva a sua ação como sujeitos na Igreja e no mundo.
Porém, o avanço dos documentos no reconhecimento da missão dos leigos, encontra
resistência na vivência cotidiana e na prática pastoral.
Presenciamos um reforço do
clericalismo que distancia ainda mais clérigos e leigos. Isto não está de
acordo com a prática de Jesus: “vós sois todos irmãos” (Mt 23,8). E é esta
fraternidade o sal e a luz de que precisamos na Igreja e no mundo para reforçar
os sinais do Reino entre nós.
O 14º Intereclesial das
CEB´s, que acontece em Londrina – PR nos dias 23 a 28 deste mês, será uma
grande celebração da fraternidade: Representantes das comunidades de todo o
todo o Brasil se encontram como Povo de Deus para celebrar a sua fé, animar a
caminhada e buscar perspectivas para a ação diante dos desafios do mundo
urbano. Um espaço de comunhão, onde se busca vivenciar a fé com olhos abertos e
com mãos operosas. Seguindo o exemplo de Jesus, um jeito de ser Igreja que
procura unir fé e vida, oração e ação, compromisso com Deus e compromisso com
os irmãos...
Que este ano seja um ano
abençoado para todos nós. Que a exemplo sal, saibamos viver a nossa fé para
além dos muros eclesiais. O mundo precisa do sabor e do tempero do Evangelho. É
por meio dos leigos e leigas, conscientes e comprometidos, que a proposta de
vida de Jesus poderá penetrar as estruturas sociais e as nossas culturas. A
exemplo do Espírito que é luz, fogo, calor, saibamos fazer com que a luz da
nossa fé afugente as trevas da corrupção, da injustiça, da discriminação e da
violência. Sejamos sal e luz, este é o apelo de Jesus. E isso é pra começo de conversa!
Denilson Mariano
Editorial Revista O Lutador Ed. 3896 - Janeiro 2018
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