Vivenciando
o Ano da Misericórdia proposto pelo Papa Francisco, cabe a todos nós buscar uma
maior compreensão do que é a misericórdia para que possamos ser também
misericordiosos como o Pai.
O
Ano da Misericórdia não se resume na visita aos Santuários e Lugares Sagrados
para passar na “Porta Santa”. Nem mesmo se resume a uma boa confissão ou a um
conjunto de práticas piedosas durante este ano. Tudo isso é ainda um caminho,
um meio para que possamos desenvolver em nós uma atitude verdadeiramente
misericordiosa. Estas práticas exteriores ou devocionais têm significado e
importância na medida em que fecundam nosso interior, na medida em que
transformam nossas relações conosco, com outros, com a natureza e com Deus e
produzam em nós um jeito misericordioso de ser e de viver.
A
Misericórdia percorre toda a Escritura Sagrada, Deus se revela misericordioso,
tomado de amor e carinho pelos pobres, pequenos e injustiçados. Misericórdia é
a ação de Deus que se comove diante da miséria do pecado e dos desvios da
humanidade. Jesus é o rosto da Misericórdia do Pai. N´Ele contemplamos e
experimentamos a Misericórdia divina. Ele nos mostra que o Pai age com Misericórdia
e espera que os homens, à Sua semelhança, sejam também misericordiosos: “Sejam
misericordiosos, como também o Pai de vocês é misericordioso” (Lc 6,36).
Misericórdia
é sentir por dentro a dor do outro e mover-se para ajudá-lo. Somos chamados a
devolver a esperança aos desesperançados, a ajudar a recuperar a vida e a
alegria de viver. Nas palavras do Papa Francisco: "Misericórdia: é a lei fundamental que mora no coração de cada pessoa, quando vê com os olhos sinceros o irmãos que encontra no caminho da vida." (MV - Bula de proclamação do Jubileu).
Vivemos
um delicado e grave momento político em nosso país e muitos parecem levantar a
bandeira do “quanto pior, melhor” e juntos afundamos, cada vez mais, numa grave
crise. Quando a corrupção tornou-se uma ferrugem a corroer as estruturas
políticas, governamentais, sociais, eclesiais e até familiares, precisamos de
uma séria e profunda conversão. Temos de nos deixar remodelar por Deus, descer
à casa do oleiro para que sejamos reconstruídos pelas mãos misericordiosas do
Pai (cf. Jr 18,1-6).
Devemos
superar nossos egoísmos e nossos projetos maliciosos e ambicionistas para nos
deixar reconstruir e assim desenvolver em nós a capacidade de “Ver” o clamor do povo, “Ouvir” os seus lamentos, “Conhecer” (compadecer) os seus
sofrimentos e ter a coragem de “Descer”
para libertá-los. Essa dinâmica de Deus expressa em Ex 3,7-8 é o caminho para a
verdadeira atitude misericordiosa. Misericordiosos como o Pai, expressa ma
Misericórdia que não se esgota na dimensão pessoal, mas passa necessariamente
pela dimensão social e implica uma luta persistente contra as forças de morte
da sociedade e uma busca sincera para que todos tenham mais vida e esperança. E
isso é pra começo de conversa.
Ir. Denilson Mariano da Silva, SDN
Revista
O Lutador Ed. 3875 – abr 2016 – www.revista.olutador.org.br
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